O processo de violação de patente movido pela Nintendo e pela The Pokémon Company contra o jogo de sucesso de sobrevivência da Pocketpair, Palworld, permanece em andamento no Japão. Em um desenvolvimento surpreendente, a Nintendo revisou recentemente a redação de uma patente fundamental – mas o que motivou essa manobra legal incomum?
Desde o seu lançamento em acesso antecipado em janeiro de 2024 na Steam e no Xbox, Palworld tomou o mundo dos jogos de assalto. O título de sobrevivência em mundo aberto vendeu 8 milhões de cópias em menos de uma semana e acumulou mais de 25 milhões de jogadores em um mês.
Os jogadores capturam e utilizam criaturas chamadas Pals para realizar várias tarefas. A mecânica de coleção de criaturas do jogo – particularmente capturar Pals lançando Esferas Pal – inevitavelmente levou a comparações com Pokémon, rendendo-lhe o apelido de "Pokémon com armas" por sua abordagem mais ousada do gênero. Após seu sucesso explosivo, a Pocketpair fez uma parceria com a Sony em junho de 2024 para estabelecer a Palworld Entertainment, um empreendimento dedicado a expandir a franquia.
Embora a Nintendo e a The Pokémon Company já tivessem monitorado o Palworld (incluindo a emissão de uma declaração oficial em janeiro de 2024), eles só moveram o processo de patente em setembro de 2024. O caso centra-se em três patentes do Japan Patent Office (JPO) – duas relacionadas a mecânicas de captura/liberação de monstros e uma que cobre sistemas de montaria de personagens – todas protocoladas após o lançamento do Palworld, mas baseadas em patentes anteriores da Nintendo de 2021.
A Pocketpair, desde então, modificou vários elementos contestados da jogabilidade. Uma atualização de novembro de 2024 alterou a forma como os jogadores invocam os Pals (substituindo o lançamento semelhante a uma Pokébola por uma aparição imediata), enquanto uma atualização de maio alterou as mecânicas de planagem, passando de agarrar diretamente os Pals Planadores para usar equipamentos aprimorados por Pals.
Essas mudanças não constituem uma admissão de culpa, mas sim representam táticas de defesa padrão em casos de patente. Como explicou o advogado de patentes Kiyoshi Kurihara, as empresas normalmente contestam as alegações de violação, questionam a validade da patente e implementam mudanças de design para evitar violações. Ele observou que a batalha legal permanece acirrada, sem vantagem clara para nenhum dos lados.
A patente recentemente revisada da "mecânica de montaria" originalmente cobria a ação de montar e controlar "personagens montáveis" específicos. O especialista legal Ryo Arashida observou que o sistema de planagem do Palworld anterior a maio – onde os jogadores agarravam fisicamente os Pals Planadores – potencialmente infringia certas especificações da patente. A atualização substituiu a interação direta com o Pal por uma planagem baseada em equipamentos auxiliada por bônus passivos dos Pals.
Ironicamente, como apontou Arashida, o pedido de patente original da Nintendo enfatizava que "personagens montáveis" eram distintos de ferramentas como paraquedas. Isto cria contradições potenciais ao argumentar que a planagem baseada em equipamentos do Palworld viola a patente.
Reescritas de patente durante litígios (quando nenhum novo conceito é introduzido) são legalmente permitidas, mas incomuns. O consultor de propriedade intelectual Florian Mueller sugere que a Nintendo pode ter sentido que a redação original era vulnerável a alegações de invalidação. A linguagem revisada inclui termos incomumente enfáticos como "mesmo quando" (raro em documentos de patente) que poderiam representar um último esforço para fortalecer seu caso.
Embora as motivações precisas da Nintendo permaneçam pouco claras, o caso continua enquanto a Pocketpair mantém a expansão do Palworld com novo conteúdo, como a recente colaboração com Terraria.
